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Mato Grosso: Taxistas ainda não dominam outro idioma

Mato Grosso: Taxistas ainda não dominam outro idioma

A 500 dias da Copa do Mundo de Futebol nenhum dos 1,5 mil taxistas em Cuiabá e Várzea Grande está preparado para receber turistas estrangeiros. O nível de inglês e espanhol é zero entre os profissionais da área, que apresentam interesse, mas reclamam da falta de oportunidade e tempo para fazer um curso de língua. Na Capital, 55% dos taxistas têm ensino fundamental, 40% ensino médio e 5% ensino superior.

O estrangeiro que chega ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, não encontra ouvidos nos taxistas. Com exceção dos que sabem um pouco do português, o restante precisa ter meios alternativos para chegar ao destino pretendido. Um funcionário da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pode ser a ponte. Segundo os sindicatos da categoria da Capital e Várzea Grande, nenhum dos taxistas tem fluência e uma parcela mínima tem um curso básico. Edvaldo Machado de Oliveira, 63, lembra-se de ter feito curso no Aeroporto, há 4 anos, de espanhol. Mas o profissional não sente muita segurança ao pensar no chamado de um estrangeiro.

Certa vez um turista embarcou no táxi de Edvaldo para que o levasse a um hotel de Cuiabá. O pronunciamento do nome do estabelecimento foi a única coisa que absorveu do cliente. “É meio complicado para atender esse pessoal de outras terras. Se tivesse mais aulas seria bom”. Apesar do interesse, o taxista se acha velho e sem facilidade para aprender. O taxista Alex Cheovanes, 27, tem vontade de aprender outra língua, mas diz que os horários dificultam o ingresso em um curso.

O jovem filho de taxista e que aprendeu o ofício com o pai está há 1 ano na função de forma profissional. Certa vez atendeu um norueguês em Cuiabá e conseguiu entendê-lo. Mas, porque o estrangeiro sabia o português. Quando isso não acontece taxistas como ele precisam contar com a ajuda da recepção do hotel para saber o endereço que o cliente precisa ir. Taxista Euripes Alves Moreira, 55, interpreta algumas palavras soltas ditas por esses passageiros. Europeu, norte-americano e alemão já entraram no veículo dele. “Muitas vezes o endereço vem escrito, aí fica fácil”.

Assim como outros colegas de profissão, ele espera os cursos anunciados para formação da categoria. Ele já faz várias inscrições, mas nenhum com retorno até o momento. Euripes acredita que o ideal é deixar o curso mais para o final do ano, para que o conteúdo não seja esquecido.

Na opinião do operário Helio Masasi, 46, a obrigação da fluência em mais de uma língua, além da materna, é do profissional e não do cliente. No Japão, onde trabalha, ele diz que apesar da grande diferença do japonês para o inglês a população se preocupa em aprender a língua universal e atende bem os turistas. Helio acha que a qualificação precisa ser iniciada rápido, pois o aprendizado demora.

Para o diretor presidente da Cooperativa de Táxi do Aeroporto, José Luis Cavalcante da Silva, a expectativa não é das melhores. Desde o anúncio de Cuiabá como cidade-sede da Copa de 2014, várias fichas de inscrição foram preenchidas pelos taxistas para ingresso em cursos.

São 233 atualmente cadastrados na Cooperativa. Escolas e órgãos do governo solicitaram o processo, mas a chamada para as aulas ainda é esperada. Com menos de 1 ano e meio para o evento mundial, ele não vê chances do aprendizado de outra língua. “Ninguém aqui acredita em Copa. Infelizmente aqui no Brasil é assim”.

Como alternativa, planeja contratar um atendente bilíngue para trabalhar no balcão e orientar as corridas, antes do cliente estrangeiro embarcar nos táxis. Segundo José, este é o investimento possível, pois a Cooperativa não tem fundos para oferecer o curso aos profissionais.

Demanda – Em Cuiabá, o presidente do Sindicato dos Taxistas, Adailton Lutz Leite Bispo, diz que 50 taxistas realizaram o curso de curta duração oferecido ano passado pela Prefeitura. Vinte e cinco profissionais se formaram. Em fevereiro, outros 50 taxistas irão iniciar o curso de inglês e espanhol. Mas ele acha que as vagas são poucas para a demanda.

Em 2012, em torno de 180 taxistas se inscreveram para o curso aberto pela Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas). Mas não teve andamento e o representante da categoria diz haver falta de inteiração entre os órgãos para qualificar o setor.

Adailton avalia que os profissionais da Capital podem ter mais demanda de clientes do que os de Várzea Grande, pois será em Cuiabá que os turistas irão se hospedar e circular mais.

Presidente do Sindicato dos Taxistas de Várzea Grande, Divino Mendes Teixeira desconhece um colega de trabalho que tenha fluência em língua estrangeira na cidade. Ele espera que as iniciativas de formar estes profissionais para a Copa se torne realidade. Ano passado fizeram inscrições, conforme o recomendado pela Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Futebol (Secopa), mas não foram chamados.

Por dia cada, cada um dos 48 taxistas que prestam serviço no Aeroporto, atende, em média, 10 clientes. A demanda aumentará no período do evento mundial em julho de 2014 e Divino diz que boa parcela dos clientes será estrangeira.

Aprendizado – Professor de inglês, Daniel Teixeira diz que o tempo é curto para aprender uma outra língua chegando ao nível de fluência. Mas, com esforço, é possível saber se comunicar para um atendimento ao cliente. Ele recomenda pelo menos 6 horas de estudo por semana e o foco na fala e escuta. A compreensão, nestes 2 campos, é importante para a função do taxista.

Durante as aulas, a escrita e leitura podem fazer parte das atividades de memorização e complementação. Em virtude da proximidade do evento mundial, Daniel diz que os profissionais interessados devem procurar logo um curso ou professor especializado e estar aberto para o aprendizado.

Primeiros profissionais a terem contato com os turistas estrangeiros e também responsáveis pela locomoção deles durante a permanência no Estado, não estão preparados Cooperativa planeja contratar um atendente que fale fluentemente outros idiomas para trabalhar no balcão e orientar corridas.

A Setas informou, por meio da assessoria de imprensa, que abriu turmas para cursos de línguas em 2012 aos taxistas. Mas, por incompatibilidade de horários, a categoria desistiu. Este ano a pasta ainda não tem previsão de oferta de curso específico para taxistas.

Secretaria Extraordinária Copa do Mundo 2014 (Secopa) informou que planeja ações estratégicas para o setor. Recentemente, o Ministério do Trabalho anunciou a ampliação do Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). As cidades-sede do evento têm prioridade e os taxistas estão no público-alvo.

http://www.odocumento.com.br/materia.php?id=417580
Fonte:O Documento