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Rose Mary Lopes: o taxista é um empreendedor?

Rose Mary Lopes: o taxista é um empreendedor?

Quando você pega um táxi, você tem certeza de que o taxista é somente um motorista? Será que você não está sendo conduzido por um empreendedor?

Você já parou para ouvir sobre as diferentes trajetórias e as diversas oportunidades identificadas por estes profissionais?

Muitas vezes, me surpreendo com o empreendedorismo que muitos deles demonstram. Enfoco alguns casos reais, usando nomes fictícios para demonstrar a variedade de oportunidades que eles exploram.

E também para mostrar como varia o porte de empreendedorismo em função das redes de contato e das ambições profissionais deles.

André, um senhor de meia idade conta-me como se posicionou, sobretudo, numa rede de clientes de jovens universitários. Numa época de vacas magras imprimiu muitos cartões de visita.

Um dia, tarde da noite, um jovem, ao sair de uma balada, lhe pede para ser levado em casa. Mas, lhe confessa que está com pouco dinheiro.

Depois de alguma conversa, André decide fazer a corrida, e se conhecem mais durante o trajeto. Leva-o a sua casa e, ao final, lhe entrega seu cartão.

Posteriormente, este mesmo rapaz o chama para outras corridas e também o indica para amigos seus. André passa a ser conhecido por vários jovens e também por suas famílias. Conquista a confiança deles.

Passa a ser “um tio” que os leva e traz de festas e outros compromissos. Conversador, ouve sobre suas vidas e suas confidências. Tanto os jovens alunos ou ex-alunos de faculdades de elite se sentem seguros, quanto seus pais, ao saber que é André que os transporta. Isto lhe rende bons resultados.

Além disto, também presta serviços para clientes de empresas da região de seu ponto.

Jorge percebeu ao longo do tempo, que havia oportunidades mesmo numa cidade de 100 mil habitantes em Minas.Trabalhou, poupou e conquistou outros dois pontos de táxi, e seus filhos já crescidos, passaram a trabalhar com ele.

Percebeu também a necessidade de transporte de funcionários de empresas da cidade. Esforça-se mais, constitui uma empresa e adquire mais dois veículos.

Com serviço esmerado, confiável, seguro, conquista credibilidade. Alarga o número de empresas a que atende. Passa também a levar encomendas – peças de reposição para uma empresa que tem clientes distantes, em outros estados.

Por vezes sua empresa é encarregada de retirar peças em São Paulo e de transportá-las para cidades na Bahia, Espírito Santo etc.

O hospital local cresce e aumenta a demanda de transporte de sangue e de seus derivados do banco de sangue de outra cidade para a sua. Transporte este que é especializado. Exige capacitação específica.

Seus filhos e alguns motoristas fazem curso para conhecer e saber quais os cuidados a serem tomados quando carregam sangue e seus componentes. Exemplo: uma freada brusca pode coagular o sangue.

Transportam algo delicado, do qual vidas dependem. Tem uma identificação especial que lhes concede prioridade e direito de transitar em acostamento quando em engarrafamentos ou ante outros obstáculos no trânsito. Assim, ele já tem hoje três táxis, oito veículos, quatro motoristas contratados.

Já descobriu como motivar os motoristas a atender as inúmeras viagens, em horários e dias diversos e não convenientes, bem como a enfrentar longas distâncias. Aprendeu que associando a remuneração fixa à comissão sobre o valor da viagem os motoristas se interessam, pois aumentam seus ganhos.

Aristeu, além de atender a sua clientela, percebeu a demanda por veículos especiais para o transporte de noivas e noivos. Notou a busca por carros antigos com motoristas trajados com roupa a rigor.

Assim, adquiriu veículo antigo e tratou de restaurá-lo, colocando-o em excelentes condições de uso. Abriu uma pequena empresa para oferecer este tipo de transporte de época, para ajudar a marcar mais ainda este dia especial da noiva e do casal.

Sabe que tem que estar com o veículo tinindo, extremamente limpo, perfumado. E, que oferecer nível de atendimento e de cuidados excepcionais para o casal é condição essencial.

Assim, existem oportunidades no transporte de pessoas e de funcionários de empresas. E, como puderam perceber, a exploração delas depende da visão, da iniciativa e do tamanho da ambição que a pessoa tem.

E, você taxista, se souber trabalhar as oportunidades, certamente vai se distinguir dos demais e progredir de forma empreendedora.
* Rose Mary Lopes é professora e coordenadora do núcleo de empreendedorismo da ESPM

Fonte: UOL Economia

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/colunistas/rose-mary-lopes/2013/09/06/sera-que-o-taxista-que-o-transporta-e-um-empreendedor.htm